Medina Azahara, uma das obras-primas da arte islâmica na Andaluzia

 
O que muitas pessoas não sabem é que quando viajam para Córdoba, além da imperdível visita a Mesquita-Catedral, também é possível ter a oportunidade de visitar os restos arqueológicos de uma das obras-primas da arte islâmica na Andaluzia.
Localizado a 7 km Córdoba, estas imensas ruínas formavam parte do enorme cidade-palácio Madinat al-Zahra ou Medina Azahara.
Considerado um dos sítios arqueológicos mais importantes da Espanha, a Medina Azahara foi um complexo mandado construir pelo califa Abderramán III, que se tornou residência, bem como o centro político do califado. O palácio foi construído para sua mulher favorita Al Zahra.
 
Sua construção foi iniciada em 936 e não foi medido esforços, dizem que trabalharam 10.000 operários, 15.000 mulas e 4.000 camelos. O palácio era sustentado por mil colunas de mármore, ouro e pedras preciosas recobriam suas paredes. Demorou 25 anos para ser concluído. A residência só durou 70 anos, quando foi saqueada e incendiada em 1010 pelos berberes.
 

Foto: Flickr javier1949

A Medina Azahara estava disposta em vários terraços encravados na colina e podia abrigar 12.000 pessoas. Desde o mirador da entrada da Medina é possível ter uma excelente vista das ruínas, além de algumas portas da cidade, assim como o resto da Mezquita Aljama, a principal da cidade.
 
Rodeada por uma imponente muralha, a cidade foi distribuída em três terraços. O palácio ficava na parte alta (já foi totalmente descoberto), na zona intermediária ficava os jardins que separavam a corte da parte baixa da cidade, e também onde ficavam as casas e mesquitas (que permanecem sem escavar).
 

O complexo urbano e residencial foi edificado com arcos, adornos, colunas, paredes e pisos cobertos em sua maior parte por mármore branco, além de usar jaspe, ouro e outros ricos materiais que deram vida a um grande número de salões de recepção, banhos, mesquitas, pátios e jardins. A cidade-palácio poderia ser considerada como o Versallhes árabe.
Os saques, os enfrentamentos e incêndios destruíram a cidade, condenada a ser esquecida e coberta de vegetação. Mas a história mudou em 1910 quando começou o trabalho de escavações, que hoje permite apreciar em alguns salões a riqueza decorativa deste fabuloso recinto.
 
Apesar dos saques e abandono por séculos, graças ao brilhante trabalho dos restauradores, hoje é possível ao visitar o complexo imaginar todo seu passado de esplendor e ostentação.
Atualmente apenas uma pequena parte do complexo foi desenterrada, num contínuo trabalho de escavação arqueológica.  
Medina Azahara foi uma cidade efêmera que irá perdurar ao longo do tempo, com a bela lenda que diz que a cidade mais bonita do ocidente surgiu através do amor de um califa por uma mulher com o nome de flor.


Lenda
Conta a lenda que o califa Abderramán III tinha tanto amor a sua esposa favorita al-Zahra, que lhe prometeu construir a mais magnifica cidade que os olhos pudessem ver, e para ela iria mandar erguer a  “cidade de al-Zahra”, uma cidade edificada pelo amor. Um grandioso lugar que se materializavam o prazer, a beleza e o poder.

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Salón Rico ou Salón de Abderramán III
O Salón Rico foi bastante restaurado, e nele é possível imaginar o esplendor e a beleza do que era o palácio. O Salão usado para recepções e festas era o mais elegante, e a parte mais valiosa de todo o conjunto. De forma retangular, está dividido em cinco naves e um grande pátio com arcadas. Possui uma extraordinária decoração com placas esculpidas em pedra fixadas nas paredes na parte interna até a fachada do jardim.

 
Residência Ya´far
Acredita-se que esta era a casa do primeiro ministro do califa, Ya`far ibn Abd al-Rahman. A fachada da residência possui três arcos  suportadas por colunas e decorado com pedras esculpidas.



Mezquita Aljama
A Mezquita Aljama é um dos primeiros edifícios construídos entre 941 e 945. Era a mesquita principal da cidade, onde eram conduzidas as orações comunitárias das sextas-feiras. O edifício está orientado em direção a Meca.
 
 
Foto: Dolores Mª Macías Naranjo
 
Residência de Alberca
A fachada com três arcos em ferradura é uma das entradas da residência, com colunas centrais e decoração esculpida. É o único edifício de caráter residencial conhecido até agora.
 
Foto: artencordoba

Pátio
O pátio com um espaço aberto que além de proporcionar luz e ventilação para os quartos ao redor, estima-se que tinha um caráter recreativo, devido a sua fonte no centro. Está localizado no conjunto de quartos ao lado do Salão de Abd al-Rahman III.

 Foto: Flickr javier1949
Pórtico
Esta entrada emblemática dá acesso à zona administrativa e política da cidade.
Foi projetado com 14 arcos, formando a fachada e uma grande praça rodeada por outros prédios.

 Foto: artencordoba

Edificio Basilical Superior
Este grande salão poderia ser um dos órgãos de administração do Estado do Califado, embora, seja difícil definir com precisão a sua funcionalidade.
 
 Foto: Flickr javier1949

Camino de Ronda Bajo
Originalmente um meio de comunicação entre os níveis inferiores da Medina e os terraços superiores do palácio. A passagem é uma rua coberta com cúpulas, segmentadas por várias portas ao longo do caminho e organizada em duas divisões de rampa que se elevam ao nível dos edifícios do palácio. A descoberta foi extremamente importante para a compreensão dos sistemas construtivos utilizados durante a época do califado.


Patio de los Pilares
Este é um dos conjuntos arquitetônicos mais importantes do palácio. Não se sabe precisamente qual era a função destinada ao espaço.
 

Foto: artencordoba

Dar al-Muk (Casa Real)
Residência íntimo da do califa Abd al-Rahman III, possui diferentes salas que estão organizadas em torno de um núcleo.
 

 
Museu /Centro de interpretação 
O Museu de Madinat al-Zahra inaugurado em Outubro de 2009, foi criado como ponto de partida para a visita o sítio arqueológico. O complexo que contém um moderno museu conta a história e o sentido da cidade califal através de recursos interativos e audiovisuais, além de expor as peças encontradas nas escavações.